
Perdão, não posso te perdoar assim (parte 1)

O perdão é algo que as pessoas precisam e querem. Ao mesmo tempo, é uma das coisas mais difíceis de se conceder. Muitos, movidos por simples maldade e dureza de coração, acham que perdoar após um simples pedido, torna a vida do ofensor fácil demais.
Há cônjuges que, mesmo diante de suplicas sinceras de perdão, exigem que o outro ainda rasteje por semanas implorando por aquilo que deveria ser liberado prontamente. Há pais que fazem questão de eternamente recordar filhos de algo que fizeram no passado, mesmo que estes já tenham pedido perdão inúmeras vezes.
Apresentar respostas bíblicas quanto ao perdão é algo desafiador, pois mexe com a razão e principalmente com a emoção dos envolvidos. Perdão coloca tensão entre o que eu devo e o que eu quero fazer. Porém, crentes devem buscar respostas na palavra de Deus, visto que Ela é a única fonte de fé e prática para todo discípulo de Jesus: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.” (Sl 119.105)
Algumas das dúvidas mais comuns que surgem e perturbam aqueles que se veem desafiados nesta dura experiência da vida, são:
- Quem perdoa deve esquecer o fato ocorrido?
A resposta é NÃO! Perdão não é o mesmo que amnésia. Se perdão é o mesmo que esquecimento, Deus jamais poderia nos perdoar pois sendo onisciente nunca se esquece de nada.
Assim, o verdadeiro perdão implica em não mais acusar, mencionar, cobrar, falar do erro cometido com ninguém. Isso inclui Deus, você mesmo, terceiros e principalmente com o ofensor. É nesse sentindo que Deus nos perdoa, “Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados".(cf. Hb 8.12; Hb 10.17). Deus não nos acusa ou cobra mais por aquilo.
O Pecado quase sempre deixa cicatrizes. Cicatrizes nos recordarão da dor passada. Então podemos ficar tristes, podemos até chorar, mas não devemos mais abordar a questão como se ela não tivesse sido tratada. Se o ofendido levar adiante um assunto após ter concedido perdão ao ofensor, comete o pecado de difamação e diante de Deus, agora torna-se o ofensor e também precisa pedir perdão a pessoa difamada.
- Como saber se o arrependimento verdadeiro?
O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.
(Pv 28.13)Existem alguns bons indicativos para se averiguar se o arrependimento é sincero e real. E o choro não é um deles. Muitos acham que se a pessoa chorou então é real. Doce ilusão esta! Estes são alguns bons indicativos a se buscar:
- Confissão espontânea:
Verdadeiro arrependimento é acompanhado de atitudes que o comprovam. Veja que o texto acima ensina que um dos sinais do verdadeiro arrependimento é a confissão. Muitas pessoas só lidam com o pecado porque foram surpreendidas, descobertas, desmascaradas no erro. O arrependimento verdadeiro leva o coração do ofensor a confessar e implorar por perdão antes da descoberta. Isso pode ser visto na atitude do filho pródigo que decidiu voluntariamente voltar a seu pai e dizer: “Pequei contra os céus e contra ti, já não sou mais digno de ser chamado seu filho.” (Lc 15.17-19) Essa é uma das marcas mais bonitas do verdadeiro arrependimento. Ela é diferente do choro do ladrão com medo, que acabou de ser preso em flagrante delito.
- Admissão total da culpa:
A confissão feita após se ser surpreendido no erro é esperada, mas é muito mais uma admissão de erro do que uma confissão em si. Quem confessa deve assumir totalmente a culpa pelo erro praticado. Não deve terceirizar a culpa para os outros. No falso arrependimento o ofensor admite que errou, mas nunca aceita a culpa toda. Nem que seja só dele. Assim, ele prontamente assume uma pequena parcela no mal praticado e logo passa a culpar outros: Foi o diabo, os amigos do trabalho, da escola, a rede globo, o cônjuge, o pastor, a roupa curta da moça, os irmãos da igreja, uma fraqueza momentânea, a situação financeira, etc...
Ora, o diabo e o próprio mundo não podem ser culpados por tudo que ocorre no campo das tentações. Eles são maus e se aproveitam disso sim, mas alguns se esquecem que Tiago 1.13 nos ensina que nosso coração também é fonte abundante das tentações que nos acediam. Quando Jesus ensinou seus discípulos a orar dizendo: “Livra-nos do mal...” Isso significa pedir a Deus que Ele nos livre inclusive de nós mesmos, pois temos um coração perverso e corrupto.
- Confissão espontânea:
Muitos usam até a Bíblia para ocultar seus erros e dizem: “Até Deus disse que a carne é fraca. Ele sabe que não tive forças para vencer o pecado!”. Mas a Bíblia afirma que isso é mentira! “E não vos sobreveio tentação que não fosse humana, mas fiel é Deus não vos permitirá ser tentados além do que podem suportar. Pelo contrário juntamente com a tentação vos providenciará um escape a fim de que possais suporta-la” (1Co 10.13)” Assim, o verdadeiro arrependimento implica em assumir toda a culpa pelo mau que fez.
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Marcos Samuel ♦ Pastor
IBR Bragança