
Deveres do crente para com seu pastor (Final)

Vimos (parte 1 ) que os deveres das ovelhas em relação ao seu pastor existem e podem ser resumidos em três palavras: Sujeição, Consideração e Sustento.
Consideração ou apreço são palavras que se aplicam ao segundo dever que os membros da igreja de Deus têm em relação ao seu pastor. A base bíblica para esse ensino se encontra em 1Tessalonicenses 5.12-13:
“Agora lhes pedimos, irmãos, que tenham consideração para com os que se esforçam no trabalho entre vocês, que os lideram no Senhor e os aconselham. Tenham-nos na mais alta estima, com amor, por causa do trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros”.
Esse texto afirma, primeiro, que os crentes devem ter consideração para com seus líderes eclesiásticos. O verbo que Paulo usa aqui (oida) significa, basicamente, conhecer. Porém, quando o contexto exige, esse termo adquire o sentido de respeitar, reconhecer, destacar ou mostrar interesse.
Na prática, Paulo está dizendo que os crentes não devem agir com descaso ou ser indiferentes diante da figura do pastor e, para reforçar isso, ele acrescenta: “Tenham-nos na mais alta estima, com amor”. A construção grega dessa frase pode ser traduzida da seguinte maneira: “Considerem-nos como altamente merecedores de amor”.
A razão pela qual os pastores devem ser tidos em tão grande apreço não repousa sobre seus possíveis dotes intelectuais, nem sobre seu ocasional magnetismo pessoal, nem mesmo sobre a simpatia que eventualmente demonstrem no trato com as pessoas. Ainda que essas coisas sejam importantes, os crentes não devem fazer delas a causa do seu respeito pelo pastor. A causa deve ser aquilo que Deus os incumbiu a fazer.
Segundo Paulo, a consideração devida aos ministros da Palavra deve ser tributada a eles por causa do trabalho que realizam. Assim, no tocante a esse assunto, é secundário se o pastor é jovem ou velho, pobre ou rico, imponente ou acanhado, animado ou melancólico, genial ou um homem comum. Tampouco importa se sua origem, aparência ou personalidade impressionam ou não.
A consideração e estima devidas ao pastor têm como causa o trabalho nobre e santo que ele realiza. Esse é o fator primordial que o torna digno de respeito e o faz merecedor da amizade e da simpatia dos membros da igreja.
Nesse ponto, porém, uma ressalva se faz necessária. A consideração devida ao pastor não deve ser do tipo que silencia diante de suas falhas e desvios. Isso se depreende, por exemplo, de 1Timóteo 5.19: “Não aceite acusação contra um presbítero se não for apoiada por duas ou três testemunhas”.
Essa passagem mostra, em primeiro lugar, que os pastores são denunciáveis, ou seja, são passíveis de acusação quando praticam o mal. Isso deixa claro que tratar o pastor com apreço não significa colocá-lo acima da verdade e da justiça, fazendo vistas grossas diante dos seus desvios.
Aliás, o texto vai além e ensina que os pastores estão sujeitos até mesmo à repreensão pública (1Tm 5.20). Porém, a consideração devida aos presbíteros é demonstrada também aqui na proibição de aceitar gratuitamente e sem provas qualquer acusação que lhes for dirigida.
Paulo sabia que, na defesa da verdade e da pureza da igreja, o pastor despertaria o ódio de pessoas por ele disciplinadas e de cruéis inimigos que não poupariam esforços para atacá-lo, caluniá-lo e, enfim, destruí-lo. Por isso, colocou em sua volta um muro de proteção, proibindo que o ministro do evangelho seja punido ou acusado sem que existam provas seguras de sua culpa. Portanto o crente deve ter cuidado ao ouvir acusações contra um pastor.
Observar, pois, essa diretriz com cuidado é também uma forma de revelar consideração pelo homem de Deus que está à frente de uma igreja.
O último dever do crente em relação ao seu pastor é no campo do sustento. O Novo Testamento ensina que sobre a igreja pesa o dever de enviar recursos para obreiros que estão passando por dificuldades no trabalho que realizam (2Co 11.8-9; 12.13). Paulo diz que dádivas assim apresentadas são como “uma oferta de aroma suave, um sacrifício aceitável e agradável a Deus” (Fp 4.14-18). Além disso, a igreja tem o dever de sustentar os pastores principalmente os que a governam e ensinam bem, sendo esse tipo de obreiro “digno do seu salário” (1Tm 5.17-18).
Aliás, o ensino de que os ministros de Deus devem receber recursos materiais da igreja se constitui num dos princípios defendidos por Paulo com mais vigor e veemência (1Co 9.4-14). Assim cada membro da igreja é responsável por prover os recursos que deverão compor o sustento material do ministro do evangelho.
E então: Você se sujeita, considera e sustenta seu pastor?
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Marcos Granconato ♦ Pastor Titular
IBR São Paulo